quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008


Duas maneiras de se comer o fruto desejado



Há duas maneiras
De se comer
a fruta desejada:

Retirá-la diretamente do pomar,
Limpá-la levemente,
Gentilmente;
Só então ai,
Com todo cuidado,
Sutilmente
Devorá-la calmamente,
à lépidas variações.


Ou

Recolher do chão
A fruta já caída,
Limpando-a discretamente,
Evitando, claro,
Devorá-la,
Sem antes pesquisá-la
Em todos os cantos
Todas as diagonais e curvas.
Só assim, desse modo,
Variando um pouco
De fruta a fruta,
Pode-se saciar completamente.



Há, porém, uma importante dica:

Se for recolhê-la diretamente,
Não se esqueça
De olhar para o solo
E seus nutrientes;
Averiguando
O que deves averiguar.

Se for caída no chão,
Não se lembre nunca
De olhar para as estrelas
Pois uma delas já caiu...
E agora está em suas mãos.



Daniel Rodrigues Guimarães

sábado, 16 de fevereiro de 2008




O lamento de um companheiro distante



A luz
ainda estava acesa.
Ligado, funcionando.

Veio cortante.
Nem cortou, a bala.
Mas matou.

Jogando jogadora estava
Dois jogos:
UM,
décima primeira fase
difícil, perigosa
desconcertante, nova.
DOIS, não se sabe
não se viu
mas permaneceu
intacto, ligado:
funcionando.

(Não sei explicar:
talvez seja uma dor de colega
alguma sensação de companheirismo
aquele lamento
por uma vida perdida.)

Que tragédia!
Morreu jogando no meio do caminho!
Não é normal.
Não é estatística.
Não se trata vidas assim...

UM, jogo parou.
DOIS, outro continuou.
DOIS, inevitavelmente parou.
(E a dor de desligar? E A DOR?!
Não o culpem.
Quem sabe ela morreu feliz,
jogando...)
E TRÊS, sempre continuou,
continuará:
Novos jogadores
Cenários mudados
Objetivos figurados...

(Que tragédia!
se {ela} estivesse assistindo novela,
Talvez não me sentiria tão mal assim!)



Daniel Rodrigues Guimarães


Pesâmes por uma companheira:



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008



Mercê do Tempo



Braço sem tempo.
Livre pensamento.
Onde estará meu monumento?

Silêncio: hora marcada.
Horas? Horas? Horas?
Pulso sem pulso
Tempo: avulso!

Perdido alegre,
Ausente estribilho!

Tempo: vitupério.
Data: adultério.
Hora: inexorável morte humana irreversível da [contada fabula.
Marcada: minutos?

Ah! Quem não vê pensa: é rei.
Sabe: rei próprio, rei morto
Reposto.
Mesmo? Próprio?

Tempo não passa
Não mata
Não morre
Tempo é montanha
Estrada
Trilhos disformes.

Vós? Só viajantes...
Do Tempo.



Daniel Rodrigues Guimarães

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Há pessoas mancas











Há pessoas mancas
de uma duas três pernas.
Há muletas mancas
de uma duas três...pernas.


Há pessoas não-mancas.
Tais pessoas não usam muletas
Nem mancas.
Tais sabem:
não use muletas,
já que suas pernas são boas.














Daniel Rodrigues Guimarães

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

A melodia é vizinha...




Ela vem qualquer dia
hora e tempo.
Às vezes vem tardia,
precoce.
Ou não vem!
Ela que é minha vizinha de dentro
Mora e não mora
perto de mim.
Se vem? Que maravilha!
Mas não vem, nem toda vez...
Tal é a vizinha cordial!
E eu?
Anfitrião mal educado...
Ponto de vista?
Ah! Se vista!
Que vista! É (im)possível falar nada.
Mas se ela vem
é tudo alegria
tudo uma bela e única melodia!

(A casa é minha,
sou o anfitrião e quem entra é o convidado,
que às vezes nem é convidado,
mas que é sempre bem vindo.)



Daniel Rodrigues Guimarães

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008


Raiva de Jesus?


Raiva? Não...

Como sentir raiva verdadeira

de algo que nem existe mais?

Ou sequer nunca existiu?

Posso até sentir raiva,

uma outra raiva...

Daquelas que você sente do vilão

ou da madrasta que bate na criancinha

ou ainda do cara que estraga tudo.

Raiva de verdade? Não...

Só de mentirinha... Ficção...

Se for ter raiva é da crença!

Essa que existe até hoje.


Posso até ter raiva

da Emília do Sítio

por chamar a Nastácia

de negra beiçuda que assusta fadas...

Ou que é simplesmente cozinheira

e não deve saber de mais coisas...

Posso até ter!

Mas fazer o quê? Tá lá no livro!

Ficção! De época!


Ôh, Contexto! Contexto! Venha cá que não te culpo.

O seu tempo é seu e o meu é meu.

Sem ressentimentos...

Mas, só não venha dar opiniões!

Algo ali, algo aqui! Tudo bem!

Mas não venha encostando não!

Que seu tempo já passou!



Daniel Rodrigues Guimarães -- Não sinto raiva, sinto nada, essa só foi uma resposta para a pergunta: "Por que os ateus sentem raiva de Jesus?".

Aproveitando a ocasião e o "tema", um vídeo do Family Guy, mostrando os milagres de Jesus: